quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Restaurante Casablanka


Eu acabara de entrar no restaurante, sua tonalidade vermelha me chamara atenção, tapetes, almofadas em harmonia com a madeira cujo brilho invejava qualquer dono de restaurante.
Sabia que ela logo viria, então sentei na última mesa. Ao fundo tocava Norah Jones.
- Por favor, uísque. Dose de Black Label - O meu pedido não demorou a chegar, em contrapartida, olhava o relógio a cada segundo, ansiedade tomava conta, afinal era hoje que eu iria pedi-la em casamento.
Depois da nonagésima vez que meus olhos encontraram os ponteiros ela adentrou a porta do restaurante. Tão elegante que meus olhos brilhavam. Por um instante ela buscou-me sem êxito e, ao meu aceno discreto com o braço, não hesitou e viera em minha direção. Sentou-se com um ar de preocupada.
- O que houve? - Ela estava agitada, olhava em todas as direções possíveis e cabíveis exceto ao meu afronto. Peguei em suas mãos e questionei novamente:
- O que há? - No mesmo instante ela dissera:
- Não deveria estar aqui. Vim porque ainda gosto de você, mas não como antes - eu diria que até Norah Jones se calou ao meu redor. Tudo na verdade havia se calado exceto meu coração que bombeava sangue a torta e a direita. O silêncio se instalou até ela interrompê-lo.
- Desculpa...
Não me contive, peguei o anel guardado em uma caixinha à lá decoração que outrora me chamara atenção. Apenas depositei em cima da mesa, engoli a seco, levantei e sai em direção do que nem eu sabia, sem sequer olhar para trás. Norah Jones voltara a cantar, todos voltavam a falar a minha volta.
Sem saber para aonde ir, acabei por parar no banheiro do restaurante, rezando e desejando para que quando eu voltasse, ela não estivesse lá. E não mais estava.
Por instantes fiquei só. Ainda que na companhia de Norah Jones e de Johnnie Walker.
Era hora de viajar. Ir a outro centro.

Nenhum comentário: