sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tempos de Guerra

Tinhamos que cumprir a missão dada pelo capitão, já que a Agência Secreta de Homicídios da Polícia em tempos de guerra não existia, ou sequer servia para alguma coisa já que todos matam e todos morrem. Férias? Não, eramos agora militares tendo que loucamente cumprir as ordens e lutar por nossas vidas.
O meu telefone sequer parava de tocar, e a última vez pela qual ele tocou, era Stefan me dizendo que o capitão Mosting tinha-nos uma missão.
- Qual a missão Stefan?
- Temos que entregar um pacote na base Bartolomeu - Lembro-me até da minha reação
- Que pacote? Vamos arriscar nossas vidas pra entregar um simples pacote? - Ele me disse que não se tratava de qualquer pacote, logo fiquei curioso por seu conteúdo, porém Stefan me despertou dos meus pensamentos perdidos.
- Péricles, o que tem aqui dentro não interessa! Vamos logo! Me encontra na base 10 -
Pensei no meu domingo perdido. Flamengo jogando e eu tendo que entregar pacote junto com Stefan podendo morrer a qualquer momento.

Na Base 10...

- Temos que entregar logo isso não é? Jogo do Flamengo, não posso perder - Stefan olhou-me sério, como quem me dissesse: "Cala a boca Péricles!".
Vestimos todo o equipamento militar, e recebemos o apoio de outros companheiros. E só de pensar que lá fora tinham uns vinte homens que queriam a nossa cabeças, com lanças enormes.
Saimos e pareciam que eles já sabiam que iriamos entregar esse bendito pacote. Começaram a lançar, suas lanças que não acabam mais.
Gritei para Stefan
- Se for para morrer, quero que uma lança dessa me acerte em cheio, para eu não sentir dor - Ele abriu um sorriso para mim, como quem não se importasse de ter quase 2kg na costa e ter se entrado em um campo de guerra, na qual, nós somos os alvos.
Por um momento me desconcentrei da missão e das lanças que chegavam até nós. Senti uma dor aguda, que transpôs a minha espinha. Quando vi, havia uma lança na lateral da minha cintura.
- Continua! Estamos perto! - Ao chegar a porta da base Bartolomeu, cai. Stefan sem dor nem piedade quebrou a parte de madeira da lança e deixou a ponta de aço.

Na Base Bartolomeu...

Não havia um enfermeira sequer para nos atender, já que, nosso companheiro havia sido atingido. E enquanto Stefan ia entregar o pacote para um homem musculoso, uma mulher ficou conosco.
- O que eu faço Senhor?
- Pega o álcool! - Ela correu para buscar o álcool, no armário - Percebi que a mulher tremia muito, e estava atordoada - Agora pega o algodão e passa em cima do ferimento - Porém, ela estava com medo de me machucar mais do que já tava, ou algo semelhante. A mulher deixava cair mais álcool no meu pé que na minha cintura que doía cada vez mais. Peguei o algodão da mão dela e coloquei em cima do ferimento. A dor foi tanta que eu acabei por desmaiar.

De tardezinha...

Acordei com Stefan ao meu lado, estava sério. Eu logo olhei para a minha cintura. Estava enfaixada.
- Enfaixei, é melhor do que ficar pedindo para outras pessoas jogarem álcool loucamente - Eu não contive o riso, mas, logo desisti da ideia, pois uma dor me atravessava a espinha toda vez que eu ousava rir demasiado.
- Nosso companheiro Brian Norton não resistiu a lança do malditos índios e morreu - Olhei para ele sério e baixei a cabeça - A missão foi cumprida e recebemos dispensa até terça quando temos que nos apresentar novamente - Aquela era sem dúvida a melhor notícia de todas, eu iria poder voltar para casa e abraçar minha mulher.

Voltando para casa...

Antes mesmo que eu e Stefan chegassemos a porta, Agatha veio até mim e me abraçou chorando muito, logo depois, pulou no pescoço de Stefan.
- Achei que vocês não fossem voltar, tive tanto medo - Alice chegou minutos depois e também correu em nossa direção chorando o mesmo tanto que Agatha.
- Prefiro vocês como construtores de posto de gasolina.

C. Renan

Um comentário:

Lolita disse...

Ótimo conto, senti as dores do machuco (minha cintura dói agora). Gostei daqui!